quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Solidariedade: Interesse do Ser Humano e da Sociedade


“O interesse humano não é um interesse que possa ser fabricado, senão tem que ser provido com a atmosfera e terreno próprio para seu desenvolvimento: o terreno é a experiência e as relações de homem a homem das quais nascem suas percepções e realizações espontâneas.”
(Nilakanta Sri Ram)


Atualmente, além das estruturas organizadas próprias das civilizações, tais como instituições comerciais, científicas, educacionais, religiosas, artísticas e o próprio Estado, constatamos a existência de inúmeras organizações, de agremiações esportivas e culturais até sindicatos e associações de classes profissionais.

Todas elas surgem para prover, proteger e desenvolver os interesses dos seres humanos à medida que formam sociedades onde as relações se tornam múltiplas e complexas.

E a nossa sociedade torna-se cada vez mais múltipla e complexa, com as possibilidades geradas comunicação global e a necessidade de envolver um número cada vez maior de pessoas das mais diversas especialidades para desenvolver projetos, que são cada vez mais extensos e intrincados.

Certamente é necessário que os indivíduos constituam estruturas sociais para viabilizar seus interesses comuns. Entretanto, todas as coisas sempre têm dois lados. Ao mesmo tempo que essas estruturas viabilizam os interesses do indivíduo humano, elas desenvolvem seus próprios interesses organizacionais, corporativos e institucionais. Esses interesses acabam voltando-se sobre os indivíduos e nessa interação surge o risco daquilo que foi criado para prover o Ser Humano acabe massificando-o, fazendo com que imperceptivelmente se perca de vista o objetivo inicial.

O objetivo inicial é que os interesses que cada ser humano desenvolve a partir da sua vocação e integração à sociedade possam ser canalizados de uma forma inteligente, assegurando felicidade, realização e evolução.

Sempre que nos encontramos com esse “jogo de contrários” é preciso pensar em uma forma de harmonizá-los, conquistando um equilíbrio que caracteriza as verdadeiras soluções para os desafios da vida.

Como exemplo disso temos os inúmeros problemas e necessidades que requerem a ação solidária entre os seres humanos.

A solidariedade é antes de tudo um interesse próprio do indivíduo humano, que nasce de um senso de humanidade e bondade inatos.

Diante da dimensão e urgência das necessidades é indispensável que as estruturas sociais reúnam e organizem as pessoas para exercer a solidariedade, mas é igualmente essencial preservar o espaço para que cada um se expresse de forma solidária.

Porque, através da ação solidária espontânea, cada indivíduo humano estabelece uma relação direta com outros seres humanos. Esse contato humano direto, que às vezes se perde no contexto de ações institucionalizadas, é essencial para que cada pessoa amadureça uma visão própria de si mesmo e de suas relações com o mundo através de uma vivência imediata.

Uma das mais importantes soluções para os problemas do ser humano e do mundo atual é a reconstituição dos laços humanos através da solidariedade. E ante esse desafio de dimensões globais precisamos harmonizar a ação das instituições sociais que levam solidariedade através de amplos programas com a promoção da ação solidária de cada cidadão no dia-a-dia da sua casa e da sua cidade.

Não só necessitamos de grande e bons programas de solidariedade institucionais, cada um de nós precisa romper com a estreita rotina apressada do nosso cotidiano para se encontrar diretamente com outros seres humanos através desse valor ético atemporal que é a solidariedade.

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