quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Filosofia à Maneira Clássica, Educação e Vocação

Saudações a todos os participantes e leitores desse Blog!

Meu nome é Dimas Pincinato Alves, educador nas áreas da Administração e Tecnologia da Informação e também voluntário da Associação Cultural Nova Acrópole de Florianópolis desde 2001. Como pesquisador na área das Ciências Humanas e Professor de vocação sempre estive em busca de conhecimentos que me aportassem referenciais para promover pessoas e organizações mais justas para a nossa Sociedade.

É inegável que apesar de todos os nossos progressos tecnológicos, nos falta algo. E as pessoas, tanto individualmente quanto coletivamente agrupadas em organizações estão em busca desse algo. No terreno da educação, encontramos entidades como a ONU, a UNESCO, a OIT, a UNICEF, o MEC e muitas outras organizações governamentais e não governamentais a promover idéias que tornem o ser humano melhor, para que este então torne a sua sociedade melhor. No terreno da administração, pesquisadores idealistas erguem a mesma bandeira de outra forma, tentando propor novas formas organizacionais que incluam, além do alcance do lucro, uma organização mais justa que considere cada vez mais o Ser Humano em seu local de trabalho. E as palavras que encontramos facilmente para traduzir essas aspirações são ética, comportamento, convivência humana, espírito de equipe, espiritualidade, felicidade, honestidade, vocação, capacidade de realização, liderança e muitas outras.

Mas apesar da evidente boa intenção humana, ainda faltava algo, pois a teoria nos parece correta, mas na prática a sociedade também nos parece continuar a adquirir características cada vez mais contrárias: egoísmo, indiferença, injustiça, alienação, corrupção, degradação ambiental e muitas outras.

Foi quando conheci a Associação Cultural Nova Acrópole e descobri um tipo de organização, um conceito que não sabia existir: uma Escola de Filosofia à Maneira Clássica. Estudando o tema na história, descobri registros que indicam a existência desse tipo de escola em todas as grandes civilizações, em todas as épocas e em todos os lugares. E que nessa tradição podemos encontrar uma riqueza extraordinária em termos educacionais: métodos, referências, experiências práticas exitosas, enfim, conhecimentos que se aplicados, garantem a formação de um Ser Humano melhor e de uma Sociedade melhor.

Para mim foi a peça que faltava, pois se hoje desejamos educar um Ser Humano eticamente, não sabemos como fazê-lo. Pois se soubéssemos, a Sociedade teria que estar demonstrando isso como um resultado prático. E esse resultado prático foi demonstrado nas Sociedades onde estiveram presentes as Escolas de Filosofia à Maneira Clássica.

Hoje participo e sou um dos responsáveis pelo projeto “Filosofia e Vocação para Educadores”, firmado em parceria entre a Associação Cultural Nova Acrópole e a Sociedade de Educadores Giordano Bruno, que tem como objetivo “Colaborar com a construção da Ética individual e social por meio do fomento da Filosofia e da Vocação no sistema educacional.” Visa a formação de educadores que, munidos de aportes da Tradição da Filosofia à Maneira Clássica possam formar Seres Humanos Éticos e direcionados vocacionalmente.

Coincidentemente a primeira questão que é trabalhada com os Educadores se trata de um valoroso aporte que podemos colocar em nosso blog público no sentido de entendermos mais sobre o que é a Filosofia à Maneira Clássica: para que serve a Filosofia? Há quatro objetivos que se relacionam com essa resposta:

O desenvolvimento da ética

Ética na verdade é uma ciência, da qual muito pouco se sabe. E tudo o que se relaciona a ela acaba migrando para o âmbito da subjetividade. E esse é um grande problema, pois a ética pode e deve ser tão objetiva quanto qualquer ciência, que pode ser ensinada e avaliada sistematicamente. Não se trata de utopia, mas sim de História, pois temos exemplos que comprovam esses argumentos, como é o caso da Magna Grécia, aonde as pessoas eram formadas em ética. Ao completarem sua formação, eram certificadas, condição que lhes permitia participar de uma série de atividades na sociedade. Para tanto, havia professores que ensinavam o que era ética e promoviam que os alunos fossem capazes de colocar os interesses coletivos acima dos individuais, condição necessária para qualquer indivíduo assumir um cargo público. Este processo de avaliação continha provas práticas. A formação do cidadão ético grego incluía testes que serviriam para avaliar, dentre outras coisas, qual a índole do candidato, seu temperamento e seu caráter.

A questão da vocação

Se tivéssemos uma Ferrari e um Jipe e precisássemos de um carro para disputar uma corrida em um autódromo, não hesitaríamos em optar pela primeira. Mas se a corrida for disputada em uma trilha acidentada em montanhas, há grandes chances de que a Ferrari não consiga sequer completar a prova. Assim também acontece com as sociedades humanas: para cada lugar há a pessoa mais adequada para assumi-lo. A Natureza dotou cada ser humano de virtudes e habilidades específicas que permitem a todos encontrar seu lugar na sociedade, conseguir seus meios de subsistência e contribuir para o bem comum. Para que isso aconteça, as pessoas devem conhecer a si mesmas. Esse é mais um aporte que a Filosofia à Maneira Clássica tem condições de apresentar, pois a sua proposta é “Conhece-te a ti mesmo”. E uma das principais ferramentas para tanto é questão da vocação. Para os educadores ela proporciona diversos instrumentos. Permite, por exemplo, que aos 7 anos de idade a criança já tenha o seu primeiro encaminhamento vocacional, podendo ser direcionada para encontrar um lugar no mundo adequado à sua natureza.

O desenvolvimento de uma visão interdisciplinar

Esse é um termo conhecido entre os educadores e promove o combate à separatividade existente no Sistema Educacional. Os conteúdos curriculares estão separados entre si e também separados das questões humanas. Matemática, por exemplo, não tem ligações com Geografia ou Biologia. Muito menos com Ética. E isso falta não somente na escola, mas também nas empresas, no governo, em todos os lugares. A Filosofia tem condições de ligar a Química com a política, esta com a religião e esta por sua vez com a arte, a medicina e todas as demais. Ao se estudar as escolas de Filosofia à Maneira Clássica constata-se essa condição, essa metodologia que estuda a relação e a interligação entre todas as coisas que existem no Universo.

O desenvolvimento da inteligência estratégica

Por último, o quarto objetivo se relaciona com o desenvolvimento da inteligência nos seres humanos, de forma a se tornarem arquitetos de seu próprio destino. Historicamente, a educação sempre possuiu um papel de destaque nos grupos humanos, sendo a área responsável pela formação “para a vida”, tanto em termos individuais quanto coletivos. O citado desenvolvimento da inteligência que a Filosofia tem condições de propiciar está relacionado exatamente com esse desenvolvimento humano, com a capacidade que as pessoas tem de se relacionar com a vida, de desenvolver a sua genialidade. Não se trata aqui da inteligência racional, emocional ou motora, mas de uma inteligência que integra todas as demais. Trata-se do que poderíamos conceituar de inteligência estratégica, que possibilita ao ser humano planejar estrategicamente e alcançar suas metas através de todo o potencial que pode ser desenvolvido em termos de memória, atenção, discernimento, vontade, consciência, intuição, etc. Permite identificar corretamente as variáveis de uma situação específica e direcionar ações para lidar com ela.

Grandes gênios da Humanidade foram educados com esse padrão educacional. Ou seja, eles não foram gênios por acaso. Tinham o potencial, mas também tiveram professores que fizeram florescer neles toda a sua genialidade. Só para citar dois entre muitos exemplos, Leonardo Da Vinci teve Verrochio como professor e Platão teve Sócrates.

Por fim, fico feliz em poder contribuir para esclarecer aqui um pouco mais sobre o que seja uma Escola de Filosofia à Maneira Clássica. Para que a Filosofia reassuma seu papel na sociedade, é necessário esclarecer seus reais objetivos e todo o potencial humano e social a ser desencadeado no momento em que as pessoas colocarem em prática o imenso conhecimento que ela guarda.

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